quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Por Alfama, de novo*

Limites da Alfama, já perto da Sé. Depois do passeio feito ontem pelo bairro, e da visita ao Museu do Fado, entrei na igreja de S. João da Praça, que estava aberta. Ouvia-se sinos mais longe. Um homem, com uma esfregona, lavava o chão da igreja: 'É na igreja de Santo Estêvão, vai haver missa. Mas Alfama é uma tristeza'. Todos os prédios mais próximos são de alojamento local, de alto a baixo. Ou seja, explica, há um fora-e-dentro diário de malas, festas barulhentas, e deixou de haver vizinhos. Recordo um talho, uma frutaria e uma padaria, que têm agora os mesmos recuerdos à venda. Aqui na rua de S. João da Praça, fechou o Clube Lusitano, e a escola primária do andar superior. Como num parque temático, Alfama mostra-se com flores de plástico nas janelas, que tudo tem de ter cor e alegria fingida; para tristezas, os turistas já têm o modelo do fado. Há um ar de pechisbeque e encenação fatela do típico. Isto não vai durar muito, mas este formato predatório é capaz de deixar tristes restos. Entretanto, mais umas dezenas de turistas com uma coleira azul ao pescoço e o nome num cartão pendurado, saídos do último navio de cruzeiro a despejar milhares de uma só vez, seguem bovinamente uma guia que eleva a bandeira deste país, para não os perder. Assunto para nós, que estudamos a ciência da cultura.

*Este blog tem estado sem actividade, como se escrevê-lo se tivesse tornado algo ultrapassado. O tempo dos blogs passou, nesta voragem que torna obsoletos formatos anteriores, e justapõe outros. Na visita ao bairro de Alfama e ao Museu do Fado, feita ontem, uma estudante dizia que tinha pena que não quedasse para a posteridade o que os estudantes do últimos anos têm feito, no âmbito da cadeira. Então, vamos retomá-lo, com a vossa colaboração.


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Pela avenida Almirante Reis (2)

Saímos do Martim Moniz ainda cedo, quando havia quem cuidasse da logística da praça, que as cidades precisam de cuidados quotidianos
Depois, a rua da Palma oferecia-se com transeuntes e lojas, num comércio que mostra uma cidade heterogénea, com gente de proveniências variadas, que a habita, a usa, a frui, compra, vende, liga para uma casa que fica mais longe, a oriente, a sul


Esta cidade precisou de água potável durante muito tempo. No século XIX, haveria de chegar, e o limite entre a rua da Palma e a Avenida Almirante Reis
Pela avenida, há propostas variadas, que a nossa vida não tem de ser necessariamente ikeaizada e as modalidades de recheio das casas podem ser sugestivos e caprichosos.


Os prédios, de tempos e estilos variados, uns mais cuidados que outros, mostram que uma avenida demora muitas décadas a fazer-se, coexistindo formatos diversos, com funcionalidades variadas, entre a fábrica da cerveja Portugália, o Banco de Portugal, os edifícios de habitação, os espaços comerciais e a avenida, como um todo.
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Depois, vão-se desenhando usos da avenida, com pessoas variadas, que circulam, que param, vendem e compram, que se precisam de alimentar, de vestir, de cuidar, de conviver, que usam o metro e os autocarros, que andam a pé, que levam os filhos pela mão, ou arrastam as malas, em busca do hostel, do airbnb, da casa dos amigos, do quarto entre estudantes ERASMUS.





Quando nos chega a fome, a nós que visitamos a avenida, as propostas são muitas. O Carlos afiançava que esta massa era imbatível, comprovada por ele enquanto por ali viveu. A cachupa, pouco mais acima, também se afigurava chamativa, mas o anúncio estava fora de prazo.


No final de tudo? Antes do Areeiro, a Alameda, espraiada em relva, apetecível neste dia ainda tão quente do Outono. E o homem das andas, vestido de vermelho, que se quis fotografar connosco, tão lá em cima.



Pela Avenida Almirante Reis (1)


Andámos hoje pelo Martim Moniz, rua da Palma, avenida Almirante Reis, Alameda, e até ao Areeiro. Em busca da rua, da cidade que nela se evidencia, no comércio, nos transportes, nas pessoas, nos lugares, nas malas dos turistas, nos infantários, nas associações, nas escolas e colégios. Aqui ainda não estávamos todos, mas a igreja dos Anjos oferecia um bom lugar para nos sentarmos, junto de um homem que já por ali estava, à sombra. Somos, ainda assim, bastantes - todos da FCSH-UNL, vários alunos ERASMUS, em busca de uma cidade que se revele, que se preste a ser, em pequenos segmentos, convertida em problema a resolver. Atrás dos tempos vêm tempos, e outros tempos hão de vir, cantava alguém, há muito.


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Entre os centros do poder e as margens do poder, delineiam-se práticas possíveis, através das quais as pessoas e os grupos tentam viver melhor ou evitam o pior. Na fronteira, há modos particulares de vida, que se sedimentaram. Da perspetiva dos centros, podem ser periferias, mas não há periferia na periferia - ali mesmo, onde os Estados cicatrizam feridas feitas ao longo da história, há entrançados de relações e culturas de orla. As fronteiras, por razões tremendas,tornaram-se um tema fulcral. No próximo sábado, três cientistas sociais são chamados à discussão, na Casa da Achada. Convido-vos a ir ouvir César Rina, Joaquim Pais de Brito e Dulce Simões.

 

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A iniciar um novo ano escolar, um semestre inteiro com a Antropologia Portuguesa Contemporânea

Bem-vindas e bem-vindos!
No final da licenciatura em Antropologia da Nova, uma cadeira de Antropologia Portuguesa Contemporânea. Vamos recensear obras, percorrer um programa variado, que recobre a produção recente da antropologia e... fazer trabalho de campo. Desta vez, numa rua, em Lisboa: a avenida Almirante Reis. Circunscrito a um espaço, o trabalho tem abertura temática, da qual se falou na aula de há instantes. Integrará o projeto da FCSH "Mais Lisboa". Vale a pena preparar o passeio de dia 28, em que também participarão as professoras responsáveis pela cadeira de Laboratório: encontramo-nos às 10h30, à saída da estação de metro do Martim Moniz.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

terça-feira, 12 de abril de 2016

Museu do Fado

 No fado os deuses regressam, legítimos e longínquos

Fernando Pessoa

Falámos dele na aula. Ouvimo-lo, por vários dos que o cantam. Agora, vamos ao Museu, aprender mais sobre esta expressão da cultura urbana de Lisboa, e de como se tornou no que é. Na próxima 5ª Fª iremos ao Museu do Fado. A visita, que é gratuita, por gentileza da direcção do Museu, terá início às 14h30, de modo a que possam voltar a tempo da aula seguinte. Lá vos espero.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Temas a preparar para o mini-teste

1. Casa(s), família(s) e comunidades: passado e futuro na antropologia acerca de Portugal;
2. Antropologia Portuguesa após o 25 de Abril de 1974: projetos sobrepostos, antropologia retrospetiva e novos caminhos;
3. Género e famílias na antropologia contemporânea portuguesa

Bom estudo!

domingo, 20 de março de 2016

Em trabalho de campo, na Beira

Concelho da Pampilhosa da Serra, seis aldeias, 33 aprendizes de antropólogos. Vamos por aldeias.
Em Janeiro de Baixo, uma das aldeias em que o xisto é hegemónico:


Em Cabril, mal chegavam, ainda com as malas por abrir, decorria a procissão de sábado de ramos




Em Fajão, depois da missa de domingo de Ramos, também lá estavam, equipados com os cadernos de campo (como todos os outros estudantes, de resto)




Em Unhais o Velho quedei-me a conversar com uns vizinhos que atestavam a capacidade de trabalho das estudantes, bem entrosadas ao fim de pouco tempo. Ficaria a aguardá-las depois da missa de domingo de Ramos.



Em Dornelas do Zêzere, a paisagem a partir da casa onde os estudantes estavam alojados era belíssima.


Finalmente, na Pampilhosa da Serra (conquanto alojadas em Aldeia do Meio), as estudantes estavam a refazer energias num café - e nem nesse momento paravam. Uma delas, a Inês, esteve quase todo o tempo a aproveitar para fazer uma entrevista, em plena hora do almoço...



terça-feira, 8 de março de 2016

Pampilhosa da Serra

Na Páscoa, há férias. Pois, para quem não é estudante de antropologia da Nova, já que vários preferem ir fazer uma curta estadia de terreno de oito dias, neste caso num contexto rural. O trabalho de campo fora de Lisboa decorrerá no concelho da Pampilhosa da Serra. Dois dos grupos estarão em povoações enquadradas no projecto Aldeias do Xisto. Trata-se de Janeiro de BaixoFajão.
Haverá igualmente estudantes em Dornelas do Zêzere, Unhais-o-Velho, Cabril e Pampilhosa (Aldeia do Meio). Como se faz tudo isto? A logística local é garantida pelos presidentes das Juntas de Freguesia, que gentilmente disponibilizam um espaço, e pela Câmara Municipal, que vos transporta de autocarro entre a sede de concelho e as aldeias. A FCSH, como sempre, paga os transportes a partir de Lisboa, e de regresso. Depois, é o vosso esforço e vontade. Em 2013, os vossos colegas estiveram na Beira Baixa. Pelas fotos e pelo que vi (acompanhada pela antropóloga Eduarda Rovisco, que surge na foto), irradiavam alegria.





Novo semestre

Caras e caros alunos, o fado e a família serão os temas dos trabalhos deste semestre, como sabem.
Que vos parece uma ida colectiva a este espectáculo?