quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Senhores de si

Miguel Vale de Almeida (MVA) publicou Senhores de si - Uma interpretação antropológica da masculinidade, em 1995, depois de um trabalho de campo com observação participante e pesquisa teórica, bibliográfica e comparativa em Pardais, durante um ano.A questão de partida foi: como se reproduz o modelo central da masculinidade, se os homens, na sua diversidade e identidade, são tão distintos? Considera que o seu trabalho é um esforço de explicitação dos processos e relações sociais que compõem a masculinidade hegemónica, como modelo central que subordina as masculinidades alternativas (de pessoas, grupos e sociedades). Esse modelo é o da dominação masculina, intrinsecamente monogâmica, heterossexual e com vista à reprodução A hipótese central é a de que a masculinidade hegemónica é um modelo cultural ideal não atingível por quase nenhum homem mas que exerce sobre todos um efeito de controlo, através da incorporação, da ritualidade associada ao quotidiano e de um discurso que exclui a emoção, tida como feminina. Mais, a masculinidade não é o espelho, a forma simétrica, da feminilidade, por ambas se relacionam de forma assimétrica, por vezes hierárquica e desigual: "A masculinidade é um processo construído, frágil, vigiado, como forma de ascendência social que pretende ser" (Almeida, 1995:17). Conclui MVA que o corpo faz uma aprendizagem de gestos e atitudes inquestionadas, que informa o outro e o próprio da sua pertença de género e da sua consonância com a hegemonia.

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